Tepequém é o destino mais procurado pelos turistas em Roraima, revela Detur

Tepequém é o destino mais procurado pelos turistas em Roraima, revela Detur

 Roraima faturou em 2019, R$ 333 milhões com o turismo. Estado tem alternativas para amantes das rotas de aventura.

Por Suzanne Oliveira, G1 RR — Boa Vista em 21/08/2020

 

Platô da Serra do Tepequem, Amajarí. — Foto: Adson Soares/Divulgação

 

A Serra do Tepequém, localizada no município de Amajarí, ao Norte de Roraima, é considerada o destino mais procurado pelos turistas locais e de outros lugares do Brasil, segundo o Departamento de Turismo do Estado (Detur).

 No ano passado, o estado faturou R$ 333 milhões com o turismo, o maior lucro da história, até então. Isso representa um aumento de 6,3% em relação a 2018, que atingiu a marca dos R$ 314 milhões.

 Os dados mostraram ainda que, nos últimos cinco anos, o turismo cresceu 6%, devido ao número de visitações provocadas, principalmente, pela imigração.

 A Serra do Tepequém fica distante cerca de 210 km de Boa Vista. O local é um dos mais visitados -- mesmo diante das restrições durante a pandemia -- por apresentar atrações como cachoeiras, um platô que chega a quase 1.022 m de altura e pelo clima ameno durante a noite, proporcionado pelas serras.

Segundo a prefeitura de Amajarí, durante o aumento de casos do novo coronavírus em Roraima, o acesso à região foi fechado e o município afirma ter conseguido reduzir em 65% os casos de infectados. Agora, as cachoeiras voltaram a ser visitadas, mas as regras de segurança sanitária precisam ser seguidas.

“Isso não impediu, claro, que o município tivesse uma curva de vários números de casos. Mas, com a barreira [de acesso ao município] foi possível ter o controle dentro do município. Agora, o número de atendimentos em relação a Covid-19 caiu cerca de 65%”, informou a prefeitura.

O município orienta que os visitantes usem máscaras, mantenham distanciamento social e tenham sempre ajuda de um guia de turismo.

“A orientação é que se vá nesses locais com guias turísticos, porque eles estão preparados para orientar as medidas de prevenção. Todo final de semana, uma equipe da prefeitura sobe a Serra para conversar com os visitantes sobre isso”, finalizou.

 

Cachoeiras em Uiramutã

 

As cachoeiras do Uiramutã, no extremo Norte, também são atrativos no turismo do estado. Elas têm chamado a atenção dos turistas por embelezarem as paisagens do lugar.

 Ao todo, 73 cachoeiras estão cadastradas pela Prefeitura do município. Porém, poucas podem ser acessadas.

 “A falta de estrutura dificulta a chegada das pessoas até o município. A estrada não é asfaltada, falta sinalização e é preciso passar por várias pontes de madeira. Então, quem vai ao Uiramutã, é porque gosta de aventura mesmo”, explicou o diretor do Detur, Bruno Dantas Muniz.

 No entanto, grande parte delas está inacessível, devido as fortes chuvas que atingiram a região nos últimos três meses, conforme dados da Defesa Civil do estado.

 Segundo o prefeito de Uiramutã, Manoel Araújo (PP), as vicinais que dão acesso à elas também continuam afetadas. As visitas aos locais não estão proibidas, mas não são indicadas nesse período.

 "Ainda está chovendo muito na região e as águas das cachoeiras não estão limpas. Então, hoje, os turistas terão dificuldades em chegar ao município e quando chegar as águas estarão nessas condições", disse.

 Ainda conforme o prefeito, apesar de Uiramutã ainda ter alguns moradores com a Covid-19, o comércio local voltou a funcionar normalmente. Caso esse número aumente na região, o funcionamento será suspenso.

 

Festejos

Outros eventos que movimentam a economia e atraem pessoas de fora são os festejos que ocorrem nos interiores do estado ao longo do ano, seguido das corridas, como a tradicional nove de julho, cancelada este ano, devido a pandemia de coronavírus.

Segundo o Detur, o recurso que chega para a realização desses eventos é absorvido pelo comércio em geral, desde os meios de hospedagem até as áreas de lazer.

“Esses recursos são bem distribuídos nos atores que trabalham direta e indiretamente com o turismo, como por exemplo, o setor de transporte em geral, hotéis, bares, entretenimento. Enfim, todos esses movimentos distribuem rendas”.

Vale frisar que a capital Boa Vista concentra boa parte desses recursos por ser a cidade com maior infraestrutura para receber os turistas.

Ela conta com aeroporto, rodoviária, rede hoteleira, restaurantes, dentre outros. Porém, é considerada apenas porta de entrada para os viajantes que têm como destino final os interiores.

 

 

 Hospedagem em Roraima

Os números demonstram que o estado está preparado para receber visitantes. Atualmente, 2 mil hotéis e outros meios de hospedagem estão no Cadastur, uma ferramenta do Ministério do Turismo. Em media, 70% desses leitos foram ocupados, em boa parte do ano de 2019, revelou a ferramenta.

“É um movimento muito significativo, mas ele pode ser muito maior. Mas, para que isso aconteça, é preciso saber, através de análise, quais são os seguimentos prioritários para ser desenvolvida uma política mais estratégica de turismo”, informou o diretor.

Para o economista Fábio Martinez, os valores são expressivos na geração de riqueza do estado, mas, proporcionalmente, essas atividades vinculadas ao turismo representam apenas em torno de 2,8% do PIB de Roraima.

“Apesar dessa relativa baixa expressão em relação ao PIB, elas [atividades] agregam bastante em relação aos empregos formais criados. Em 2019, houve um crescimento bem acentuado no número de postos de trabalhos em Roraima e parte disso se deve ao incremento dos empregos gerados pelo turismo. Foram 274 novas contratações, o que expressa 8,1% dos empregos no estado”, informou Martinez.

Seguimentos turísticos

No último ano, o etnoturismo foi um dos seguimentos mais trabalhados e desenvolvidos no estado. Roraima tem metade de seu território formado por áreas protegidas, como as terras indígenas. São locais com potenciais turísticos que podem ser explorados.

O diretor do Detur, Bruno Muniz, também fala do desafio em trabalhar junto a essas comunidades.

“Primeiro, temos que capacitá-las para receber os visitantes. Também é preciso preservar a cultura, o meio ambiente e conseguir recursos para que a comunidade mantenha o seu meio de vida e se desenvolva, mas para isso, é preciso que o Governo invista”, finalizou.

 

O Detur

O Departamento de Turismo abrange ações que vão desde a capacitação de servidores até a roteirização turística em todo o estado de Roraima, do extremo Norte do Brasil até o baixo rio branco com as áreas de pesca esportiva, por exemplo.

O órgão também realiza pesquisas em todos os eventos que são classificados como turísticos do estado. Conforme os resultados, a maior parte dos recursos voltam para a capital, pois os municípios visitados não têm condições de receber e reter esse fluxo, por falta de infraestrutura.

 

 

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